Mesmo com tantos sites do serviço público com o VLibras, por que tantas barreiras?
A ideia da “Inserção obrigatória do VLibras ou outro tradutor de Libras em sites do serviço público” pode (e deve) ser avaliada pelos seus aspectos francamente positivos, mas (principalmente) pelo olhar de outras pessoas que enxergam seus aspectos negativos.
Procurar entender o contraditório, trabalhar com argumentações mais claras sobre os benefícios da ideia, enxergar os motivos da reatividade, desenvolver mecanismos e planos que objetivem um consenso e aceitação da implementação, faz parte do caminho.
É assim que devemos validar as ideias e os projetos!
Meu entendimento é que existem contrapontos não plausíveis, quando falamos da ideia de implantar, compulsoriamente, de imediato o VLibras em todos os sites do governo. Meu entendimento é que seus benefícios superam, em muito, as suas limitações que, certamente, serão superadas com o tempo e dedicação dos especialistas.
Adoto como referência, uma pesquisa feita pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (Relatório de Consulta Pública sobre o VLibras[1]) cujo resultado foi publicado em 01/09/2020.
O relatório, além de várias considerações importantes, mostra uma pesquisa de opinião sobre o VLibras com diferentes perfis de usuários, a saber, “pessoas surdas”, “intérpretes de libras” e “linguistas especialistas em Libras” e “outras pessoas que não indicaram o perfil”. O trabalho merece uma leitura completa.
Apresento apenas uma parte da pesquisa:
No tocante à “qualidade de produção”, o percentual de pessoas surdas que avaliaram o VLibras como razoável, bom e ótimo ficou na faixa de 55%.
Quanto às “expressões corporais”, o percentual de pessoas surdas que avaliaram o VLibras como razoável, bom e ótimo ficou na faixa de 51%.
O “dicionário” do VLibras também foi avaliado pelas pessoas surdas. O percentual que avaliou o VLibras como razoável, bom e ótimo ficou na faixa de 65%.
Em resumo, o avatar tradutor não é unanimidade, por motivos razoáveis. No entanto, tais motivos não podem servir de impedimento para a sua implantação; eles devem, sim, servir para delinearmos projetos de melhoria!
Existem centenas de trabalhos científicos que tratam do uso de scripts de avatares tradutores da língua brasileira de sinais. Detendo-me apenas no VLibras, eu destaco apenas mais uma referência: o relatório de maio de 2015 do Núcleo de pesquisa e extensão LAVID do Centro de informática da Universidade Federal da Paraíba – UFPB[2].
Extraio desse relatório, uma parte final do seu item “5. Considerações”. Vai a seguir:
“...
embora as soluções baseadas em avatares não sejam a primeira opção dos surdos
que preferem tradução humana, a solução proposta é apresentada como uma
alternativa prática e viável, capaz de tornar os conteúdos multimídia
acessíveis para surdos, especialmente quando intérpretes humanos não estão
disponíveis.”
[1] Veja em
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/setembro/divulgado-resultado-da-consulta-publica-sobre-ferramenta-VLibras
- Acesso em 03/07/2023
[2] Relatório de
avaliação da solução VLibras pela comunidade surda - Ver em:
https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/VLibras-uma-tecnologia-livre-e-gratuita-para-inclusao-digital-de-pessoas-surdas
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